domingo, 1 de novembro de 2009

2-Beijo Mortal


    O sinal tocou e todos guardaram rapidamente o material na mochila e foram saindo da classe. Ashley se virou para Caterine.


    -Se quiser você pode ir sábado com a gente pra discoteca com a gente, Emily, passa pra ela o endereço direitinho - ela fez um sinal para Emily e já foi se retirando.


    -Caterine, amanhã vamos todos juntos na discoteca!




    -E ele vai né?




    -Quem? O Victor? - Emily fez uma cara de pouca fé.




    -É, eu ainda não conversei com ele! Talvez possa rolar alguma coisa...




    -Victor está lá todo sábado e domingo, ele vai direto pegando tudo...




    -E minha roupa?




    -Talvez você possa passar na minha casa, te empresto uma roupa, e daí nós vamos juntas... 


    A conversa continuou enquanto as duas desciam as escadas.




    




***



    -Simples, você não vai.



    -Mas pai, elas me convidaram, e eu em algum momento preciso me enturmar!




    -Não, você tem que ser anônima, ninguém deve perceber que você estava lá, porque assim, quando mudarmos de cidade não teremos problemas na documentação da próxima cidade...




    -Mas pai pelo menos uma vez eu queria fazer parte de algum grupo, ter amigos - ele a interrompeu.




    -Você é imortal, não deve ligar para ter amigos e sim sobreviver.




    Ela olhou bem no rosto do seu pai, bem próxima, o bastante para poder ver seu próprio reflexo em seus olhos pretos.




    -Imortal para que se estamos sempre sozinhos mudando de cidade o tempo todo,  do que serve viver para sempre sozinho e triste? - seus olhos se encheram de lágrimas, e ao fechar os olhos, as lágrimas escorreram pelo seu rosto.




    -Não, não chore! - ele rapidamente passou a mão delicadamente em seu rosto limpando as lágrimas - Não podemos nos exibir muito, a Sociedade está sempre a procura de imortais e não quero que eles nos descubram - dessa vez as lágrimas rolaram dos olhos do pai - Tudo bem, você pode ir, mas tome cuidado - ele a abraçou, beijou sua testa e se retirou.


    Após a saída do pai do quarto, Caterine sorriu. Estava feliz pois iria sair com Emily e com a turma do colégio na boate, e assim poderia se tornar uma adolescente normal.









***







    As luzes coloridas piscavam psicodelicamente, a música com alguma letra promíscua e a batida com um jeito que te empolgaria a dançar. Entre essas luzes estava Caterine e Emily, claro que Ashley estava presente, mas estava na pista, ocupada, digamos assim com garotos.


    -E você Emily, vai ficar na seca aí? - disse Caterine sentada ao lado dela.




    -Calma, não apareceu até agora que eu gotasse...Até agora - um rapaz alto e musculoso passou há uma distancia e piscou para ela, Caterine estava olhando para o outro lado, para Victor.




    -Vou dançar com aquele cara lá - ela deu um risinho e foi dançar com o garoto enquanto.




    Victor estava olhando para Caterine. E ela estava olhando para ele. Ele deu uma piscada com o olho e veio em sua direção. Ela quase não se aguentou, mas ficou se segurando.




    -Me concede esta dança - disse ele estendendo uma mão.


    Ela com um sorrisinho sem graça se levantou e foram a pista de dança.




    Uma musica começou. Caterine não conhecia, mas ninguém se movia muito, apenas se moviam de um lado para o outro com os braços pro alto. Aos poucos o ritmo foi aumentando, e as pessoas se mexiam mais, e mais...Quando se deu conta, ela estava pulando em meio a toda aquela gente.




    Os dois se aproximaram, apesar do movimento frenético, os dois se sentiram em um momento só deles. Emily estava com o outro rapaz do lado, dançando bem próximo de seu "pretendente" e apenas observando enquanto os dois se beijavam apaixonadamente.




    Emily então percebeu que era sua vez, e tentou beijar o rapaz. Ele se assustou e deu um passo para trás esbarrando em Victor, que mesmo assim não percebeu. Ele parou um segundo, e continuou dançando com Emily.




    Caterine estava perdida no seu beijo. Só percebeu que após um tempo Victor não se mechia mais e aos pouco seu corpo começou a se soltar. O resultado foi catastrófico, quando se deu conta ele estava estabanado no chão e a boate toda estava parada, olhando, até a música havia parado.


    -Caterine! Ele está desmaiado, chamem uma ambulância, agora. - Emily estava agachada com a mão no pescoço de Victor - O pulso, ele teve uma parada cardíaca, teremos que fazer massagem cardíaca.
    -Eu,eu estava apenas beijando ele... - seus olhos se encheram de lágrimas.
    Ela começou a pressionar e contar em voz alta o peito do rapaz que permanecia imóvel. Após trinta segundos ela se virou para a menina ao seu lado de cabelos ruivos e olhos borrados pelas lágrimas.
    -Me desculpe - tapou o nariz do corpo que ainda permanecia imóvel, colocou sua boca na dele e assoprou com toda força de seus pulmões.
    -Vamos logo, ligue para os para médicos, algum médico precisa vir aqui, isto não é normal - gritava ela entre os apertos no peito e as respirações  boca-a-boca. Uma roda já havia se formado em torno deles e todos olhavam apreensivos.Um silêncio se formou, apenas algumas coisas eram ouvidas. A respiração de Emily, ofegante enquanto tentava ressuscitar aquele corpo morto. A respiração e os soluços de Caterine. E alguns passos, que eram impossíveis de se detectar de onde vinham.
    Até que o silêncio foi cortado pelo som estridente da ambulância. O aglomerado rapidamente abriu um caminho por onde os para médicos passaram com uma maca correndo pela passagem, o imobilizaram e o colocaram na maca e na mesma passagem ele foi levado

domingo, 3 de maio de 2009

1-Talvez Popular

    O vento batia em seus cabelos, fazendo com que as pontas cortadas totalmente desalinhadas ficassem a mostra. Enquanto a bela moça andava contra o vento, seus cabelos vermelhos faziam contraste com sua pele branca como seda. Sua beleza era incontestável, seu rosto mostrava traços delicados. O que para um país europeu seria a expressão máxima de beleza, naquela pequena cidade parecia a feiúra encarnada.



    Passo a passo ela caminhava na rua deserta, nenhum carro, nenhum ser humano, o único companheiro dela era o vento, mas que aparentava não gostar muito dela, pois estava indo na direção oposta. O estranho caminho que percorria era por causa das enormes árvores que a protegiam do sol. Ela odiava o sol, é uma das características dos imortais, o Fruto diminui a resistência da pele aos raios solares. Não era como um vampiro que morria quando estava à mercê do sol, mas se ela ficasse exposta por mais de alguns minutos sem sombra alguma, sua pele ganharia um tom avermelhado como um camarão. Já a achavam estranha, e ela não queria que a achassem mais ainda.



    Os livros apertados contra o peito mostravam a insegurança que a espreitava, mais um dia trágico se aproximava. Apesar de ser tratada como uma anormal, ela simplesmente causava inveja. Seu corte de cabelo com todas as pontas meio que picotadas e seu tom perfeito de vermelho fazia com que todas as garotas a invejassem. Várias meninas tentaram imitar seu corte, mas apenas o seu cabelo era tão perfeitamente desalinhado ao ponto de balançar com o vento, e voltar ao seu lugar depois, parecendo que havia acabado de ser arrumado. Os meninos até que gostavam dela. Seu corpo não era escultural, mas era levemente magra, e seu rosto era tão perfeito, que não precisava de maquiagem para ficar bonito. Muitos garotos queriam ficar com ela, mas a maioria não ficava porque poderiam ter sua reputação na escola reduzida a nada. Alguns apostavam que conseguiriam ficar com ela, mas ela nunca se rendia, pois sabia que ninguém gostava dela realmente, ela sempre sabia que eles estavam apenas brincando com ela, os imortais estão sempre atentos aos sinais corporais para saber se a pessoa está falando a verdade, é uma coisa automática.



    Agora já era possível ver a escola a duas quadras. Ela via as pessoas se movimentando e conversando na porta, para evitar entrar na escola. Já dava para dissernir os rostos. Era apenas uma quadra de distância. O som das conversas altas, das risadas e gargalhadas já eram ouvidas a uma boa ditância. Agora trinta metros para o território inimigo. Caterine já estava se preparando para as gracinhas e para se esquivar no meio do formigueiro.



    -Oi ruiva - disse um rapaz musculoso com uma piscadinha, e as pessoas em volta riram de Caterine, como se ela fosse uma aberração em um show de circo. Caterine que não era muito alta, seguia em frente enquanto o sol já a castigava.



    Risadas podiam ser ouvidas, como se alguém houvesse contado uma piada. Caterine se sentiu aflita, não aguentava mais essas brincadeirinhas todos os dias. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela entrou no colégio, aliviada por não estar mas a mercê do sol, mas triste por começar mais um dia de sua fádica rotina de piadinhas e gracejos.



    Ela foi subindo as escadas sozinha. Todos ainda estavam na porta conversando, e as escadas desertas faziam com que ela se sentisse mais sozinha ainda, como se fosse a única que estivesse no colégio. O barulho dos seus passos escoava pela escadaria, mais um sinal de que ela estava sozinha naquele colégio. Pequenos ruídos eram ouvidos, ruídos das conversas na porta do colégio.



    Ela foi andando pelo corredor até chegar a sua sala. Como sempre se sentou na cadeira de frente para o professor. "Hoje a professora faltará, aprenderá a lição. Tirar sarro da minha cara não tem graça nenhuma! Um dia passando mal não é nada em comparação a humilhação pública que ela me fez passar. Lachante e colírio juntos com certeza farão ela se sentir mal pelo menos hoje" Caterine pensando e terminando com um risinho que parecia até maligno."Agora eu tenho tempo para acertar contas com outras pessoas" enquanto Caterine pensava consigo mesma, os ruídos do portão da escola estavam aumentando, os alunos estavam subindo. Aos poucos o pequeno ruído foi aumentando, até se tornar uma barulheira insurpotável.



    Os estudantes preencheram todos os lugares no corredor conversando alto sobre assuntos pessoais, como se aquele assuntos interessassem a qualquer um que estivesse passando. Caterine não estava mais sozinha, alguns alunos já tinham entrado na classe, mas nenhum estava sentado como ela, alguns estava em pé conversando e outros estavam namorando, o que tem vários significados.



    Um grito foi ouvido. o inspetor mandou que todos fossem para suas classes, o que não deu certo de primeira, mas no segundo grito deu certo. Todos aqueles alunos entraram em suas classes, e a classe de Caterine ficou totalmente intupida de alunos que continuavam em pé e falando sobre assuntos pessoais muito alto. Você pode imaginar a situação dela em meio aquela gritaria. A gritaria permaneceu até um senhor idoso magro e alto, com um nariz grande que ostentava um par de óculos com lentes muito grossas, acima deles, sombrancelhas grossas como uma taturana. Apesar da grande quantidade de pelos nas sombrancelhas, os pelos da cebeça pareciam ter esquecido de nascer no meio, o que dava-o a aparência de um palhaço, com cabelo apenas nas laterais da cabeça.



    Enquanto que o professor entrava na classe com a velocidade de uma tartaruga, os alunos riram do modo estranho como andava, ainda que infelizmente fosse engraçado, e muito. Suas costas curvas e seus passos lentos faziam com que os alunos tivessem mais tempo para fazerem balburdias e algazarras. Os passos continuaram lentamente, mas ao invés dele ir a mesa para fazer a chamada como os outros professores, ele se direcionou à lousa, e quando chegou a lousa todos os alunos se assustaram e começaram a pegar seus cadernos e materiais com a maior velocidade possível.



    Ele se virou à lousa, e com grande agilidade pegou um giz em cada mão, e começou a escrever na lousa equações matemáticas rapidamente. Toda a sua lerdeza ao andar era compensada pela sua velocidade ao escrever equações matemáticas. E os alunos tiveram que correr para acompanhar o exímio professor de matemática que escrevia com as duas mãos. Todos os alunos bagunceiros ficaram perdidos mas Caterine simplesmente estava acompanhando perfeitamente, enquanto os alunos que estavam atrás dela corriam desesperadamente para conseguir acompanhar as complicadas equações do professor.



    Três toques na porta anunciaram a chegada de um aluno. Ele entrou com todo o estilo possível, seus olhos verdes sendo levemente cobertos por seu cabelo de surfista loiro com mechas mais escuras que pareciam naturais e seus braços malhados que fizeram todas as garotas suspiraram. Ela mesmo querendo suspirar se segurou. Ao entrar todos os cumprimentavam das maneiras mais variadas.



Havia uma vontade que a cutucava. Ela devia se virar e olhar para o rapaz. Não. Ela não era como as outras que se interessavam por rapazes apenas porque eram musculosos. Ou não. Talvez ela fosse sim igual as outras. “Vou olhar um vez só”. E virou.



    Seu olhar foi respondida por um piscada e um sorriso simpático, sem ninguém perceber o rapaz respondeu a ela e as suas expectativas. E voltou a conversar com as garotas que estavam em volta dele.


    "Eles piscou pra mim". Pensou Cate com um sorriso no canto dos lábios, não queria que ninguém soubesse que estava feliz e de qualquer modo ninguém ligava para o que ela sentia ou pensava.



    Você já deve ter percebido que quando você está irritado tudo parece conspirar contra você, como se até o semáforo estivesse pronto a fechar bem antes de você passar. E era exatamente o contrário que estava acontecendo com Caterine, parecia que sua vida estava ficando boa em apenas alguns minutos.



    -Oi, você pode me ajudar a fazer isso? Eu não entendo nada de matemática! - disse uma garota que se aproximava. Seu rosto possuía um nariz perfeito e uma pequena quantidade de sardas, seu cabelo com franja e uma trança no lado esquerdo, dando um estilo próprio.



    -Claro, mas quem é você?



    -Emily, mas pode me chamar de Lily se quiser, você é Caterine não é?



    -Como você sabe meu nome? Ninguém sabe, todos me conhecem como a ruiva estranha e branquela que parece uma vampira.



    -Sei o nome de todos, mesmo com quem eu não converso. Se quiser pode vir sentar comigo e comigo e com as meninas - Caterine não sabia exatamente o que era ser bem recepcionado há um bom tempo, normalmente ela era rejeitada, desprezada e menosprezada.



    -Vou sim - E pela primeira vez ela estava sentindo que as pessoas não a estavam tratando-a como um peixe fora d'água, ou uma formiga em meio aos leões, o que não faz absolutamente sentido nenhum. Caterine colocou seu material em sua mochila e levantou-se para ir em direção a turma de garotas que estavam sentadas um pouco mais atrás. As risadas e gargalhadas a recepcionavam a um novo mundo, um mundo da fofoca, superficialidade e soberba. Quando chegaram na turminha de garotas, Emily se virou com uma expressão pensativa.



    -Ruiva estranha e branquela que parece uma vampira? Que eu saiba muitas meninas gostam do seu cabelo, tanto da cor quanto do corte e seu olhos são os mais bonitos que eu já vi.



    -Então por que ninguém nunca veio falar comigo ou ser amigável como você fez agora? 



    -Simples, Ashley - ela chegou mais próximo de Cate e falou mais baixo - ou como gosto de chamá-la Srta. Boneca de Plastico disse que quem falasse ou andasse com você,seria tão estranho e rejeitado quanto você.



    -Então por que você veio?



    -Simples, eu sou eu, e eu não vou ignorar uma pessoa simplismente porque a Srta. Látex quer - Emily deu um risinho para Cate, que foi logo correspondido -Esta é Ashley - disse Emily apresentando a simpática moça.



    -Muito prazer! Sou Ashley Spears - e estendeu a mão para cumprimentar Cate. 



    Cate mesmo tendo vontade de socar aquela garota se segurou e gentilmente a cumprimentou. Para metade das pessoas, ela parecia gentil, uma menoria desconfiaria daquele sorriso, e imortais simplesmente saberiam que ela estava mentindo. Eles não lêem a mente de ninguém - não existe ninguém que faça isso, que eu saiba - mas sim os gestos. Primeira coisa foi a cabeça virada para a direita...Parece mentira mas é verdade, é possível detectar se alguém mente de acordo com o lado que ela a cabeça! Outro indício foi, logo após dizer "Muito prazer" ela coçou o rosto, e paster como boca e olhos são os locais onde coçam na hora da mentira. Catherine, após passado seu ataque de raiva quis brincar um pouco.



    -Então, seu sobreno... - antes de terminar a palavra foi interrompida.



    -Não, eu não tenho nada a ver com o Britney Spears! - seu sorriso se transformou-se em uma cara emburrada. - E pra falar a verdade eu nem gosto da Britney, aquela gorda. - e ao seu redor as outra meninas comentavam concordavam com o fato de também não gostarem de Britney Spears e também de acharem que ela era gorda.



    A Srta. Látex continuou falando mal de outros artistas por mais alguns minutos enquanto Lily e Cate conversavam



    -Nossa como você ainda se senta com ela?Ela é tão chata! Só fala mal de todo mundo e não faz absolutamente nada. Por que você e suas amigas não se afastam dela?


   -O problema é esse, ninguém quer se afastar dela, e agora que o Victor está na nossa sala, todas vão querer ficar perto admirando ele... - e ela abaixou sua face de novo ao caderno fazendo anotações.


    -Sabe Emily você não acha...


    Sua frase foi interrompida por Emily parecendo um pouco irritada e inconformada.


    -O Victor lindo? Todas as garotas acham ele lindo, maravilhoso, engraçado e gente boa, mas depois você descobre que ele é simplesmente um panaca.


    -Não fale assim dele, ele é perfeito...


    -Perfeição não é uma palavra que eu costumo usar Caterine, as pessoas nem sempre são o que parecem.


    -Ele sim é a perfeição.


    -O.K. vamos ver se você vai ser mais uma decepcionada, todas as meninas quando conhecem ele se apaionam a primeira vista.


    Àquela altura, Caterine nem estava mais prestando atenção no que Emily dizia, estava apenas com o queixo apoiado na mão, e olhando fixamente para a lousa. A maioria das pessoas achava que ela estava prestando atenção na lição, mas a verdade era que ela estava apenas pensando em quando namoraria com Victor, e quando eles poderiam finalmente ficar juntos, em um amor perfeito.


    -Caterine - disse  a professora parada bem a sua frente - você precisa copiar a lição, não é porque suas notas são boas que você ficará parada na minha aula.


    -Não professora eu só estava tentando me lembrar de algumas coisas, e é claro que eu vou copiar!


    -É bom mesmo, e você Emily, ótimo exemplo para a classe, já copiou e está resolvendo os exercícios - Emily respondeu apenas com um sorrisinho forçado - E você Sr. Victor, espero que seu desempenho aumente agora que você está nessa classe.











***







    Você já deve ter percebido que quando você está irritado tudo parece conspirar contra você, como se até o semáforo estivesse pronto a fechar bem antes de você passar. E era exatamente o contrário que estava acontecendo com Caterine, parecia que sua vida estava ficando boa em apenas alguns minutos.



    -Oi, você pode me ajudar a fazer isso? Eu não entendo nada de matemática! - disse uma garota que se aproximava. Seu rosto possuía um nariz perfeito e uma pequena quantidade de sardas, seu cabelo com franja e uma trança no lado esquerdo, dando um estilo próprio.



    -Claro, mas qual é o seu nome?



    -Emily, mas pode me chamar de Lily se quiser, você é Caterine não é?



    -Como você sabe meu nome? Ninguém sabe, todos me conhecem como a ruiva estranha e branquela que parece uma vampira.



    -Sei o nome de todos, mesmo com quem eu não converso. Se quiser pode vir sentar comigo e comigo e com as meninas - Caterine não sabia exatamente o que era ser bem recepcionado há um bom tempo, normalmente ela era rejeitada, desprezada e menosprezada.



    -Vou sim - E pela primeira vez ela estava sentindo que as pessoas não a estavam tratando-a como um peixe fora d'água, ou uma formiga em meio aos leões, o que não faz absolutamente sentido nenhum. Caterine colocou seu material em sua mochila e levantou-se para ir em direção a turma de garotas que estavam sentadas um pouco mais atrás. As risadas e gargalhadas a recepcionavam a um novo mundo, um mundo da fofoca, superficialidade e soberba. Quando chegaram na turminha de garotas, Emily se virou com uma expressão pensativa.



    -Ruiva estranha e branquela que parece uma vampira? Que eu saiba muitas meninas gostam do seu cabelo, tanto da cor quanto do corte e seu olhos são os mais bonitos que eu já vi.



    -Então por que ninguém nunca veio falar comigo ou ser amigável como você fez agora? 



    -Simples, Ashley - ela chegou mais próximo de Cate e falou mais baixo - ou como gosto de chamá-la Srta. Boneca de Plastico disse que quem falasse ou andasse com você,seria tão estranho e rejeitado quanto você.



    -Então por que você veio?



    -Simples, eu sou eu, e eu não vou ignorar uma pessoa simplismente porque a Srta. Látex quer - Emily deu um risinho para Cate, que foi logo correspondido -Esta é Ashley - disse Emily apresentando a simpática moça.



    -Muito prazer! Sou Ashley Spears - e estendeu a mão para cumprimentar Cate. 



    Cate mesmo tendo vontade de socar aquela garota se segurou e gentilmente a cumprimentou. Para metade das pessoas, ela parecia gentil, uma menoria desconfiaria daquele sorriso, e imortais simplesmente saberiam que ela estava mentindo. Eles não lêem a mente de ninguém mas sim os gestos. Primeira coisa foi a cabeça virada para a direita...Parece mentira mas é verdade, é possível detectar se alguém mente de acordo com o lado que ela a cabeça! Outro indício foi, logo após dizer "Muito prazer" ela coçou o rosto, e paster como boca e olhos são os locais onde coçam na hora da mentira. Catherine, após passado seu ataque de raiva quis brincar um pouco.



    -Então, seu sobreno... - antes de terminar a palavra foi interrompida.



    -Não, eu não tenho nada a ver com o Britney Spears! - seu sorriso se transformou-se em uma cara emburrada. - E pra falar a verdade eu nem gosto da Britney, aquela gorda. - e ao seu redor as outra meninas comentavam concordavam com o fato de também não gostarem de Britney Spears e também de acharem que ela era gorda.



    A Srta. Látex continuou falando mal de outros artistas por mais alguns minutos enquanto Lily e Cate conversavam



    -Nossa como você ainda se senta com ela?Ela é tão chata! Só fala mal de todo mundo e não faz absolutamente nada. Por que você e suas amigas não se afastam dela?


   -O problema é esse, ninguém quer se afastar dela, e agora que o Victor está na nossa sala, todas vão querer ficar perto admirando ele... - e ela abaixou sua face de novo ao caderno fazendo anotações.


    -Sabe Emily você não acha...


    Sua frase foi interrompida por Emily parecendo um pouco irritada e inconformada.


    -O Victor lindo? Todas as garotas acham ele lindo, maravilhoso, engraçado e gente boa, mas depois você descobre que ele é simplesmente um panaca.


    -Não fale assim dele, ele é perfeito...


   -Perfeição não é uma palavra que eu costumo usar Caterine, as pessoas nem sempre são o que parecem.


    -Ele sim a perfeição.


    -O.K. vamos ver se você vai ser mais uma decepcionada, todas as meninas quando conhecem ele se apaionam a primeira vista.


    Àquela altura, Caterine nem estava mais prestando atenção no que Emily dizia, estava apenas com o queixo apoiado na mão, e olhando fixamente para a lousa. A maioria das pessoas achava que ela estava prestando atenção na lição, mas a verdade era que ela estava apenas pensando em quando namoraria com Victor, e quando eles poderiam finalmente ficar juntos, em um amor perfeito.


    -Caterine - disse  a professora parada bem a sua frente - você precisa copiar a lição, não é porque suas notas são boas que você ficará parada na minha aula.


    -Não professora eu só estava tentando me lembrar de algumas coisas, e é claro que eu vou copiar!


    -É bom mesmo, e você Emily, ótimo exemplo para a classe, já copiou e está resolvendo os exercícios - Emily respondeu apenas com um sorrisinho forçado - E você Sr. Victor, espero que seu desempenho aumente agora que está nessa classe.