O sinal tocou e todos guardaram rapidamente o material na mochila e foram saindo da classe. Ashley se virou para Caterine.
-Se quiser você pode ir sábado com a gente pra discoteca com a gente, Emily, passa pra ela o endereço direitinho - ela fez um sinal para Emily e já foi se retirando.
-Caterine, amanhã vamos todos juntos na discoteca!
-E ele vai né?
-Quem? O Victor? - Emily fez uma cara de pouca fé.
-É, eu ainda não conversei com ele! Talvez possa rolar alguma coisa...
-Victor está lá todo sábado e domingo, ele vai direto pegando tudo...
-E minha roupa?
-Talvez você possa passar na minha casa, te empresto uma roupa, e daí nós vamos juntas...
A conversa continuou enquanto as duas desciam as escadas.
***
-Simples, você não vai.
-Mas pai, elas me convidaram, e eu em algum momento preciso me enturmar!
-Não, você tem que ser anônima, ninguém deve perceber que você estava lá, porque assim, quando mudarmos de cidade não teremos problemas na documentação da próxima cidade...
-Mas pai pelo menos uma vez eu queria fazer parte de algum grupo, ter amigos - ele a interrompeu.
-Você é imortal, não deve ligar para ter amigos e sim sobreviver.
Ela olhou bem no rosto do seu pai, bem próxima, o bastante para poder ver seu próprio reflexo em seus olhos pretos.
-Imortal para que se estamos sempre sozinhos mudando de cidade o tempo todo, do que serve viver para sempre sozinho e triste? - seus olhos se encheram de lágrimas, e ao fechar os olhos, as lágrimas escorreram pelo seu rosto.
-Não, não chore! - ele rapidamente passou a mão delicadamente em seu rosto limpando as lágrimas - Não podemos nos exibir muito, a Sociedade está sempre a procura de imortais e não quero que eles nos descubram - dessa vez as lágrimas rolaram dos olhos do pai - Tudo bem, você pode ir, mas tome cuidado - ele a abraçou, beijou sua testa e se retirou.
Após a saída do pai do quarto, Caterine sorriu. Estava feliz pois iria sair com Emily e com a turma do colégio na boate, e assim poderia se tornar uma adolescente normal.
***
As luzes coloridas piscavam psicodelicamente, a música com alguma letra promíscua e a batida com um jeito que te empolgaria a dançar. Entre essas luzes estava Caterine e Emily, claro que Ashley estava presente, mas estava na pista, ocupada, digamos assim com garotos.
-E você Emily, vai ficar na seca aí? - disse Caterine sentada ao lado dela.
-Calma, não apareceu até agora que eu gotasse...Até agora - um rapaz alto e musculoso passou há uma distancia e piscou para ela, Caterine estava olhando para o outro lado, para Victor.
-Vou dançar com aquele cara lá - ela deu um risinho e foi dançar com o garoto enquanto.
Victor estava olhando para Caterine. E ela estava olhando para ele. Ele deu uma piscada com o olho e veio em sua direção. Ela quase não se aguentou, mas ficou se segurando.
-Me concede esta dança - disse ele estendendo uma mão.
Ela com um sorrisinho sem graça se levantou e foram a pista de dança.
Uma musica começou. Caterine não conhecia, mas ninguém se movia muito, apenas se moviam de um lado para o outro com os braços pro alto. Aos poucos o ritmo foi aumentando, e as pessoas se mexiam mais, e mais...Quando se deu conta, ela estava pulando em meio a toda aquela gente.
Os dois se aproximaram, apesar do movimento frenético, os dois se sentiram em um momento só deles. Emily estava com o outro rapaz do lado, dançando bem próximo de seu "pretendente" e apenas observando enquanto os dois se beijavam apaixonadamente.
Emily então percebeu que era sua vez, e tentou beijar o rapaz. Ele se assustou e deu um passo para trás esbarrando em Victor, que mesmo assim não percebeu. Ele parou um segundo, e continuou dançando com Emily.
Caterine estava perdida no seu beijo. Só percebeu que após um tempo Victor não se mechia mais e aos pouco seu corpo começou a se soltar. O resultado foi catastrófico, quando se deu conta ele estava estabanado no chão e a boate toda estava parada, olhando, até a música havia parado.
-Caterine! Ele está desmaiado, chamem uma ambulância, agora. - Emily estava agachada com a mão no pescoço de Victor - O pulso, ele teve uma parada cardíaca, teremos que fazer massagem cardíaca.
-Eu,eu estava apenas beijando ele... - seus olhos se encheram de lágrimas.
Ela começou a pressionar e contar em voz alta o peito do rapaz que permanecia imóvel. Após trinta segundos ela se virou para a menina ao seu lado de cabelos ruivos e olhos borrados pelas lágrimas.
-Me desculpe - tapou o nariz do corpo que ainda permanecia imóvel, colocou sua boca na dele e assoprou com toda força de seus pulmões.
-Vamos logo, ligue para os para médicos, algum médico precisa vir aqui, isto não é normal - gritava ela entre os apertos no peito e as respirações boca-a-boca. Uma roda já havia se formado em torno deles e todos olhavam apreensivos.Um silêncio se formou, apenas algumas coisas eram ouvidas. A respiração de Emily, ofegante enquanto tentava ressuscitar aquele corpo morto. A respiração e os soluços de Caterine. E alguns passos, que eram impossíveis de se detectar de onde vinham.
Até que o silêncio foi cortado pelo som estridente da ambulância. O aglomerado rapidamente abriu um caminho por onde os para médicos passaram com uma maca correndo pela passagem, o imobilizaram e o colocaram na maca e na mesma passagem ele foi levado
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